quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

ESPALHANDO CINZAS

ESPALHANDO CINZAS

Estivemos, sim, na companhia do médium, no último dia 17 de fevereiro, no estúdio da TV-Mundi, sem São Paulo, participando do programa “Simples Expressão”, apresentado pelo confrade Alamar Régis.
Devo dizer que, para mim, foi uma imensa alegria o reencontro com Augusto César Vanucci, amigo de longa data, desde os tempos de nossas inesquecíveis reuniões na “União das Mocidades Espíritas”, em Uberaba, que eram levadas a efeito no salão do Centro Espírita “Uberabense”.
— Dr. Inácio – saudou-me com efusivo abraço –, que alegria, o senhor por aqui... Quanta honra!
— A honra é minha – respondi no diálogo que entabulamos –, mas eu não poderia deixar o médium na mão, não é?! Seria muito cômodo entregá-lo à boca dos leões...
— E leões que, convenhamos, andam com um apetite devorador...
— E você, o que anda fazendo?! – perguntei.
— Pelejando – disse-me. – E o senhor é responsável por isto... Desde que subi, pela primeira vez, no palco do C. E. “Uberabense”, como ator mirim de um de seus esquetes...
— Quem diria, hem?! O grande Vanucci dirigido por mim, em cena... Você sempre levou jeito para a coisa.
— Doutor, eu fiz o que pude, mas ficou faltando muito... O senhor sabe, não é fácil: o preconceito religioso, mesmo no Brasil, ainda é uma barreira... Sofri pressões de todos os lados! Nos últimos tempos, a Dona Lilly Marinho andou me ajudando, mas, mesmo assim...
— Não precisa se explicar – ponderei –, eu sei... No entanto, meu caro, as sementes estão começando a dar frutos: “Chico Xavier – o Filme” nas telas do cinema, “Nosso Lar”... Antes, tivemos a exibição de um excelente documentário sobre a vida do Dr. Bezerra de Menezes, interpretado pelo Carlos Vereza.
— Grande amigo, o Vereza! Um dos poucos que tem tido suficiente coragem de abraçar a Causa e colocar o talento que possui a serviço dela...
Com o programa prestes a começar, todo orgulhoso, Vanucci comentou, apontando para dois simpáticos jovens se movimentando no estúdio:
— Aqueles dois são meus filhos, Doutor: Rafael e Aretha! A menina é filha do casamento da Vanusa com o Antônio Marcos, mas também é minha filha...
— Que Deus os abençoe! – falei, emendando. – E os livre de tanto mau-olhado que paira por aí!...
— O senhor, então, no “Pinga Fogo”, hem?!
— Isto é uma heresia, Vanucci! “Pinga Fogo” seria se fosse com o admirável Chico Xavier – conosco, o programa deveria se chamar “Espalhando Cinzas”, ainda mais que estamos às vésperas do Carnaval...
— Só o senhor mesmo, com este seu bom humor disfarçado de ranzinzice, para enfrentar os leões...
— Ainda bem que, no Brasil, não existem leões, Vanucci – apenas gatinhos... Eles se esforçam para urrar, mas, no máximo, conseguem miar!...
Deixando o companheiro sorrindo, pedi desculpas e me aproximei do médium, que, em nome de todos os santos, estava evocando a minha presença.
— Estou aqui, calma, não tema – sussurrei aos seus ouvidos atentos.
— O senhor vai me inspirar? – perguntou-me mentalmente.
— Não! – respondi. – Fale do que você tem estudado e do que sabe – será o suficiente... Eu só vou entrar na hora da piada!...


INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 22 de fevereiro de 2011.





quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

OS 144.000 DO APOCALIPSE!

Dias atrás, conversando com um amigo preocupado com os rumos do Movimento Espírita na Terra, ele me perguntou:
- Dr. Inácio, qual o motivo de os nossos companheiros de Ideal andarem tão desunidos?
Pensei por momento e, sem perder o bom humor, respondi:
- O problema é que nós queremos estar entre os 144.000 escolhidos do Apocalipse!...
Ele sorriu muito e, então, falando mais sério, ponderei:
- Não é bem assim... Tem muita gente boa no Espiritismo – graças a Deus! Gente que está trabalhando em silêncio, exemplificando a verdadeira fraternidade. A questão é que, às vezes, seja na palavra falada ou escrita, damos muita ênfase ao que é negativo. Eu prefiro crer que os supostos 144.000 escolhidos do Apocalipse, na verdade, serão os excluídos!...
- Doutor – tornou ele –, o senhor acredita em um número assim tão reduzido?...
- Não! Creio que andaram “comendo” alguns zeros dele, porque, perante os quase trinta bilhões que somos...
- Trinta bilhões?!...
- Sim, os quase sete bilhões encarnados e os mais de vinte bilhões desencarnados! Perto deste número astronômico, 144.000 é quase zero! Quer dizer: não vai sobrar ninguém! Haverá muito espaço, para muito pouca gente! Aí, sim, vamos ter que nos empenhar muito mais no mandamento inserido em “Gênesis”, capítulo 1, versículo 28: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra...”. E, convenhamos, tem muita gente que vai gostar...
- No entanto, muita gente não vai, Doutor, principalmente as mulheres!
- Meu caro – repliquei –, a Ciência está perto de arranjar um jeito de os homens também “engravidarem” – ou melhor, de implantar um útero dentro deles e, quem sabe, no espaço do estômago que está se restringindo a custa de cirurgia...
- Doutor – disse-me ele –, se é assim eu não vou fazer questão de ficar de fora dos 144.000...
Sorrimos e voltei a falar sério:
- Os adeptos do Espiritismo, em minha opinião, precisamos nos compenetrar de que não somos melhores que os nossos demais irmãos em Humanidade... Carecemos de trabalhar muito para correspondermos à expectativa do Mundo Espiritual Superior, no sentido de que, efetivamente, venhamos a colaborar com o Cristo na construção do Mundo Melhor de amanhã! Como dizia Chico Xavier, “não podemos nos esquecer de que o Espiritismo é também uma doutrina para o coração”! Agora, pensando bem...
- O quê, Doutor?!
- Seja o número qual for, dos que haverão de permanecer sobre a Terra e adjacências, acredito que muitos de nós, espíritas, devemos mesmo ir arrumando as malas...
- Não, o senhor está exagerando – disse-me. – Não estamos entre os melhores, no entanto, muito menos entre os piores...
- Mas quem, meu caro, irá levar para este novo mundo, que já deve estar povoado por dinossauros, a ideia da Reencarnação, da Lei de Causa e Efeito, da Mediunidade?... Quem irá preparar por lá o advento do Cristo, que não desistirá de nenhuma das ovelhas que o Pai lhe confiou?... Quem neste orbe de exílio fará o papel que os Profetas fizeram sobre a Terra, antecedendo a chegada Daquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida?...
- Analisando as coisas sob este ângulo...
- Muitos de nós, meu amigo, seremos os novos “capelinos” e, como eles, haveremos de construir pirâmides e observaremos o céu a olho nu, com saudades da casa planetária que não fizemos por merecer!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 16-2-2011.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

LIVROS PARA SEREM LIDOS.

Arigó – vida, mediunidade e martírio
Este é um livro de estudo do Caso Arigó. O único em que o problema do famoso sensitivo de Congonhas é colocado em termos científicos e analisado em seus vários aspectos. Não se trata de simples narrativa de episódios, de curas milagrosas ou coisas semelhantes. Cada capítulo é uma penetração nos vários problemas que o caso suscitou, realizada com instrumentais científicos e culturais. De toda a bibliografia publicada a respeito até hoje, só este volume mereceu uma tradução especial e particular, feita pelos cientistas norte-americanos que investigam Arigó. Não se pode falar de Arigó sem a leitura prévia deste livro, que analisa o caso a luz das Ciências atuais.
O autor é professor de nível universitário, graduado pela Universidade de São Paulo, membro de instituições científicas e culturais. É um veterano do estudo e da pesquisa da fenomenologia paranormal. Ele demonstra que as faculdades paranormais de Arigó não devem ser encaradas através de conceitos religiosos, mas de conceitos científicos.
ISBN 978-85-88849-42-6
212 páginas • 14x21 cm • R$ 23,00

CARTAS.

CARTA A UMA MÃE
Filha, Jesus nos abençoe.
Você me escreveu, dias atrás, pedindo intercessão em favor de seu filho, que é médico e está com um tumor na região frontal.
A sua carta, como tantas outras, muito me comoveu e, neste momento, estou me unindo em oração a você, rogando o amparo do Mais Alto, solicitando aos Espíritos que estão mais próximos da Providência Divina para que ajam em nome dessa mesma Providência na qual tanto confiamos e esperamos.
Todavia, sinceramente, eu não sei de um coração mais próximo de Deus que o coração de mãe! Portanto, acredito que as suas rogativas, desde muito, já terão ecoado nos Páramos Superiores e, por certo, estarão advogando a causa em que toda a sua esperança de mãe se resume neste instante de provação do filho amado, que, sendo ainda tão jovem, tem um futuro promissor pela frente.
Quem me dera, minha filha, que eu, na condição de desencarnado, possuísse o dom da cura! Nada me impediria de vencer a suposta distância existente entre o Plano Espiritual e o Físico, para simplesmente pousar a minha mão de pecador sobre a cabeça de seu filho e pedir a Nossa Senhora, que viu o próprio Filho expirar coroado de espinhos, que dele se compadeça.
Devo, no entanto, esclarecer a você que nós, os desencarnados, por vezes, podemos menos ainda que os nossos irmãos que mourejam no corpo carnal – é comum que nos vejamos às voltas com as consequências das mazelas que trazemos da Terra, ou, então, lidando com antigas feridas que não se nos cicatrizaram de todo.
Não acredite em quem lhe diga que, neste Outro Lado, nós tudo podemos, porque não é verdade. Ainda não somos detentores de suficiente capacidade espiritual para que o poder de Deus possa se manifestar por nosso intermédio, sem que disto não nos vangloriemos.
Você tem reparado o que, em geral, acontece aos médiuns de cura que, de quando a quando, despontam entre os homens como instrumentos da Bondade de Deus?! Quase todos eles, terminam de maneira melancólica a sua carreira, regressando ao Mundo Espiritual na condição de maiores enfermos do que os enfermos que renasceram para curar...
Portanto, conforme eu lhe disse, o que prometo é me unir a você nas preces de todos os dias e de todos os momentos – oraremos, sim, juntos pela cura de seu filho André Luiz! Rogaremos ao Senhor para que lhe conceda uma moratória, a fim de que ele, ao lado da esposa querida, realize o seu sonho de constituir família e possa, na condição de médico neurologista que é, prestar socorro a tantos desvalidos.
Porque, mais do que médiuns de cura, minha filha, nós estamos precisando é de médicos humanitários na Terra! E, afinal, o que é o médico, se não um médium de cura por excelência, que, não raro, renegando o juramento de Hipócrates, não revela a menor sensibilidade pelo sofrimento do próximo?!
Oraremos juntos pelo seu filho, reunindo as nossas lágrimas e as nossas esperanças, na expectativa de que, pelo menos, como você deseja, o tumor de que ele se vê acometido paralise a sua ação nefasta e não o inutilize para o trabalho.
Certa vez, ouvi alguém dizer que não mais existem milagres na Terra, porque não mais existem santos para fazê-los... Concordo, em parte. Porque de uma coisa eu sei: Deus também escuta as preces dos pecadores!...
Cordialmente,
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG